Rentabilidade dos laticínios deve aumentar no próximo ano Destaque

Escrito por  Nov 28, 2019

O ano que vem deverá ser de rentabilidade menor para os produtores de leite do País, que terão custos de produção mais elevados. E de margens mais confortáveis para as indústrias, que verão a demanda crescer. É o que estimou Valter Galan, sócio do Milkpoint Mercado, no seminário Dairy Vision 2019, realizado ontem em Campinas.

“Para o produtor, 2019 foi um ano muito bom, mas para a indústria foi péssimo. Em 2020, para as indústrias, o ano tende a ser de recuperação de margens, que foram bem complicadas, e também de aumento do ritmo de investimentos”, disse.

O cenário de aquecimento da demanda traçado por Galan também prevê aumento de preços ao consumidor. “Algumas categorias estão mostrando reação (de consumo) e crescendo em volume com preços mais elevados. É o caso de iogurte e queijos. Também há alguns indicadores, como a criação de emprego, que sinalizam um horizonte um pouco melhor para as indústrias”.

Galan afirmou que a produção deverá crescer 3% em 2020, mais do que neste ano (2,50%). Já os preços ao produtor deverão aumentar 5,6%, para a média de R$ 1,487/litro. Em 2019, ele calcula a média em R$ 1,408/litro, lembrando que os preços alcançaram patamares recorde no primeiro semestre, diante da menor oferta no período, e deverão encerrar o ano com alta de 10%.

Ocorre que as altas dos preços do milho e da soja deverão pesar um pouco mais nos custos de produção. Ainda assim, segundo cálculos de Galan, a rentabilidade média dos produtores (diferença entre a receita e o custo de ração) deverá aumentar 3,10% em 2020, para R$ 23,10 por vaca por dia, ante um avanço de 8,30% em 2019, para R$ 22,40.

O Milkpoint também estimou que as importações deverão recuar 17% em volume em 2020, em razão do aumento de preços do mercado internacional e da valorização do dólar.

A percepção de que o próximo ano será de margens menos folgadas, mas de aumento de consumo com a melhora da economia, é compartilhada por Carlos Alberto Pasetti de Souza, presidente do Conselho de Administração da holding Grupasso, que controla a Fazenda Colorado. Maior produtora de leite do País, a Colorado comercializa leite tipo A com a marca Xandô e deve fechar 2019 com crescimento de 7% no volume de produção, para 26 milhões de litros e 2.000 vacas em lactação.

“A margem de 2020 será mais apertada, porque os custos vão subir. Mas como estamos apostando em produtos de maior valor agregado, isso acaba se refletindo no faturamento”, afirmou Souza. A Colorado lançou neste ano uma linha de queijos e ingressou no mercado de suco de uva – nesse segmento, já atua com suco de laranja.

“Este ano foi muito bom. Aumentamos bastante a distribuição. Estou muito otimista. Acredito que temos condições de melhorar o nosso portfólio dentro do mercado. Estamos muito felizes com 2019 e prevendo coisas muito boas para 2020”, disse Souza.

Para Alexandre Guerra, presidente da Cooperativa Santa Clara, de Carlos Barbosa (RS), 2020 será um ano melhor mais pela perspectiva da reforma tributária, que deverá ter um peso significativo para o segmento, do que pelo aumento de consumo em si.

“Essa reforma mexe direto com o nosso caixa. Precisamos tirar os desequilíbrios de impostos estaduais, que nos geram muito custo. Considerando isso e o aumento do PIB, acreditamos que haverá uma pequena melhora para produtos de primeira necessidade, como o leite longa vida. Será um ano de melhora, mas de margens ajustadas”, afirmou Guerra.

Os lácteos representam 55% do faturamento da Cooperativa, que deverá crescer 6% em 2019, para R$ 1.3 bilhão. Para 2020, a perspectiva é de crescimento de 8%.

 Valor Econômico

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