Esclarecimentos da Embrapa sobre o lançamento do feijão transgênico / cultivar BRS FC401 RMD (Resistente ao Mosaico Dourado) Divulgação.

Esclarecimentos da Embrapa sobre o lançamento do feijão transgênico / cultivar BRS FC401 RMD (Resistente ao Mosaico Dourado) Destaque

Escrito por  Abr 13, 2019

A Embrapa, como empresa pública, entende que a oferta do feijão transgênico RMD é uma opção para o controle efetivo do mosaico dourado, principal doença que afeta a cultura, com maior impacto econômico para o produtor e para toda a cadeia de feijão.

Este impacto está relacionado a um menor uso de defensivos, menos riscos para a produção, oferta mais regular em uma cadeia com fortes oscilações de preços e viabilidade da produção em algumas regiões do país.

Ao contrário de outras doenças do feijoeiro, nunca foi encontrada uma fonte natural de resistência ao mosaico-dourado. Isso quer dizer que não existem plantas de feijoeiro comum que sejam imunes. Para evitar os prejuízos, resta ao agricultor tentar controlar a infestação de mosca-branca em sua lavoura. O principal método de controle é o uso de inseticidas químicos, que são utilizados em larga escala conforme o nível de infestação. É importante frisar que nem sempre o controle químico é totalmente eficiente, além de resultar em altas doses de inseticidas aplicados na cultura.

Assim, a alternativa para solucionar este problema é o desenvolvimento de cultivares de feijão comum geneticamente modificadas para expressarem resistência ao mosaico dourado por meio de engenharia genética. Em 2011, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) concedeu a liberação comercial do evento RMD (Embrapa 5.1). Todo o processo foi público e está disponível para consulta.

Para chegar ao feijão RMD resistente ao vírus do mosaico dourado a empresa usou da estratégia de RNA interferente (RNAi) para inserir um fragmento de DNA derivado do vírus no genoma do feijão. Quando o vírus invade, já existe dentro das células da planta esse gene que interfere no processo de multiplicação viral que ocorreria normalmente, impedindo sua replicação e, por consequência, o aparecimento dos sintomas da doença. Como resultado, tem-se uma planta “vacinada” contra essa doença. Diferentemente de outros transgênicos existentes no mercado nacional, o feijão RMD não está associado à expressão de uma proteína específica.

A Embrapa prepara o lançamento da BRS FC 401 RMD (primeira cultivar de feijão RMD) para o primeiro semestre de 2019. Será ofertada ao mercado brasileiro por meio de empresas de sementes parceiras via licenciamento. Será feita uma oferta pública para selecionar parceiros que atendam a requisitos de qualidade, gestão responsável e experiência no mercado de feijão. Essas empresas integrarão a estratégia de monitoramento comercial estabelecida pela Embrapa, permitindo o correto acompanhamento da tecnologia ao mercado. A Embrapa multiplicará sementes com estes parceiros no plantio de inverno (até maio de 2019) visando atender ao mercado na safra de final de ano (2019/2020), com plantio a partir de outubro.

A BRS FC401 RMD será mais uma opção para o agricultor dentro de um portfólio de cultivares da Empresa. A Embrapa não deixará de ofertar materiais convencionais e de outras classes comerciais. A genética BRS ocupa atualmente cerca de 60% do mercado nacional de sementes de feijão. Ao longo dos últimos 35 anos de pesquisa a Embrapa lançou 60 cultivares para a cultura. Algumas dessas cultivares se tornaram referência para o mercado, como por exemplo, a cultivar Pérola (mais plantada durante 20 anos) e a BRS Estilo (atualmente o padrão de qualidade do mercado). Outros materiais BRS se destacam no mercado como a BRS FC104 (a primeira superprecoce, ciclo de 65 dias) e a BRSMG Madrepérola (de escurecimento lento).

A cultivar BRS FC401 RMD tem produtividade potencial de 3.600kg por hectare, similar às cultivares convencionais ofertadas hoje no mercado. Em relação à qualidade de grãos, apresenta o mesmo padrão comercial da cultivar Pérola, importante referência no mercado. É fruto de um programa de melhoramento que seleciona materiais com base em qualidade de grãos, produtividade e resistência a doenças (além do mosaico-dourado). Isso garante a oferta de produtos que atendam a demanda dos mercados.

Ensaios de manejo em campo utilizando a BRS FC401 RMD concluíram que ela pode contribuir de forma eficiente para a sustentabilidade da cultura do feijão-comum no agronegócio brasileiro e para a estabilidade da oferta e do preço dos grãos no mercado nacional. Assim, representa uma importante ferramenta para o manejo integrado da mosca branca e viroses por ela transmitidas na cultura do feijão. No que se refere ao valor da tecnologia, ensaios de validação indicaram uma lucratividade média 38% superior com o uso da BRS FC401 RMD em comparação à obtida com o uso da BRS Estilo, a cultivar testemunha convencional. Já a lucratividade média com o uso de BRS FC401 RMD, considerando áreas com alta incidência de mosca branca, foi 78% superior em relação ao lucro auferido com o uso da BRS Estilo. Já existem todas as informações técnicas necessárias para a recomendação de cultivo e posicionamento da BRS FC401 RMD considerando seu lançamento no Brasil Central.

Durante todo o período entre a liberação comercial e o lançamento da cultivar, a Embrapa adotou medidas e um programa de gestão responsável na produção de sementes para evitar “vazamentos” deste material no mercado.

A Embrapa também emprega esforços no desenvolvimento de novas cultivares competitivas de outras classes comerciais além das carioca e preto, como por exemplo, Dark Red Kidney, Light Red Kidney, Jalo, Branco, Rajado, Calima entre outros. E também reforça seu compromisso com o avanço tecnológico da agricultura brasileira, deixando claro que vai trabalhar com todos os agentes da cadeia interessados em promover o crescimento mútuo e a organização do setor.

O feijão RMD representa uma oportunidade para o agricultor estabelecer um manejo eficiente e com impacto financeiro muito menor para a doença do mosaico dourado. Atualmente o controle da doença é responsável por até 20 (vinte) operações de aplicação de inseticidas, que chegam a custar, cada uma, por volta de R$ 100,00 (cem reais) por hectare. Além disso, o uso contínuo e crescente de inseticidas acaba por gerar uma seleção natural de insetos mais resistentes, o que torna o problema cada vez maior.

Com a adoção da tecnologia RMD o agricultor pode ganhar tanto no custo de produção, com a redução de uso de químicos, quanto na produtividade, sem a ocorrência da doença. Além disso, a tecnologia tem um potencial de controle de custos de produção que permitirá ao agricultor obter melhor margem de lucro, além de possibilitar uma melhor oferta do produto ao longo do ano para o mercado, resultando num feijão mais barato para o consumidor.

A Empresa entende que ainda existem elos da cadeia que não conhecem a fundo a tecnologia RMD e pretende conversar com todos eles para esclarecer dúvidas e chegar a um bom nível de compreensão antes da oferta do produto aos agricultores, o que deve acontecer ao final do ano.

Entende-se que para o consumidor a possibilidade de ter um produto com menor custo final (devido a melhor oferta e menor custo de produção) é uma grande vantagem e possibilita ofertar produtos acessíveis à população (segurança alimentar).

A adoção do produto continuará a ser uma opção para o produtor e para o consumidor final. A Embrapa manterá o seu forte e bem-sucedido programa de cultivares convencionais (não transgênicas) e desenvolverá, em paralelo, a opção de produto geneticamente modificado para as regiões de maior incidência da doença mosaico dourado.

O feijão RMD é seguro para a população, seguro para o meio ambiente e seguro para a sociedade. A Embrapa estará sempre disposta a prestar quaisquer esclarecimentos sobre essas questões para a população brasileira.

A Embrapa pretende lançar em breve o primeiro feijão transgênico do Brasil, a cultivar RMD, que é resistente ao vírus do mosaico branco.

Contudo, Marcelo Eduardo Lüders, presidente do IBRAFE, detalhou em entrevista ao Notícias Agrícolas que acredita não ser vantajoso o lançamento dessa variedade porque "não vai agregar ganhos" ao produtor.

Ele ressalta que jamais seria contra uma tecnologia que agregasse, mas diz que uma tecnologia dessas só faria sentido na década de 2000. Hoje, na visão de Lüders, existem outras tecnologias no mercado capazes de substituir.

Lüders ainda ressalta que não foi feita uma pesquisa com o consumidor a respeito desse feijão. Grande parte dos empacotadores não concordam em comercializar essa cultivar, já que ela é mais escura e não deve agradar nas gôndolas.

Assim, o presidente detalha que o lançamento dessa tecnologia criaria um desgaste e poderia afetar nas exportações brasileiras de feijão - em um momento no qual há uma tentativa de aumentar o consumo deste.

 

 

 

Fonte: Embrapa/Notícias Agrícolas.

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