“Indicamos dois problemas maiores na avaliação que a IARC fez do glifosato. A inclusão do glifosato no Grupo 2A resultou do entendimento da agência de que os estudos com animais de experimentação, mas não os estudos com humanos, apresentaram evidências suficientes para classificar o herbicida como ‘provável cancerígeno para o homem’. Ou seja, os estudos com animais constituíram a base da classificação realizada pela IARC. Esse foi o primeiro problema, porque a força-tarefa da IARC não analisou todos os estudos relevantes disponíveis, mas somente seis estudos com ratos e dois com camundongos”, revela Camargo.
No entanto, uma revisão publicada também em 2015 – e da qual a IARC teve conhecimento, porque ela foi citada em sua monografia sobre o glifosato – discutiu nove estudos com ratos e cinco com camundongos. “A omissão seletiva da IARC poderia ser parcialmente explicada por sua política de considerar somente estudos completos disponíveis na literatura científica e ou acessíveis ao público, mas não justifica desconsiderar as informações veiculadas pela revisão”, argumenta.
“Outro problema refere-se à interpretação dos resultados feita pela forçatarefa da IARC, que ignorou aspectos básicos da análise de estudos de carcinogenicidade, como a não ocorrência dos mesmos tumores nos sucessivos estudos, a ausência de dose-resposta, a inexistência de lesões pré-neoplásicas e de progressão para a malignidade e, particularmente, abordagem estatística discutível”, sustenta o especialista.
“Não é de surpreender que avaliações mais rigorosas, realizadas por diferentes agências oficiais antes e depois da IARC, como as listadas na pergunta, e também pelo JMPR/FAO/OMS e pelo Instituto Federal Alemão para Avaliação do Risco (BfR), tenham reiterado que o glifosato não tem potencial cancerígeno. Como nenhum potencial cancerígeno foi identificado em ensaios convencionais, não tem sentido propor um modo de ação (no caso da IARC, por genotoxicidade e/ou estresse oxidativo) para explicar eventual carcinogenicidade do produto”, conclui. Amanhã: Ministério da Saúde não foi imparcial e comprometeu sua confiabilidade.
Fonte: https://www.agrolink.com.br