Adquirida em 2014 pela Unicamp, Fazenda Argentina, que deve ser transformada em distrito de inovação, ocupa uma área de 1,4 milhão de metros quadrados, em Campinas (SP). Adquirida em 2014 pela Unicamp, Fazenda Argentina, que deve ser transformada em distrito de inovação, ocupa uma área de 1,4 milhão de metros quadrados, em Campinas (SP). Foto: Antoninho Perri/Divulgação Jornal Unicamp

‘Cidades inteligentes’: Estado de São Paulo deve ganhar dois distritos de inovação Destaque

Escrito por  Jan 10, 2019

O Estado de São Paulo pode ganhar, nos próximos anos, dois distritos de inovação – como são chamadas as áreas em regiões já consolidadas de cidades, que reúnem empresas, universidades, instituições de pesquisa, incubadoras e startups, favorecendo o surgimento de ideias inovadoras e criativas, como no Vale do Silício, nos Estados Unidos, e o 22@, em Barcelona, Espanha.


O Estado de São Paulo pode ganhar, nos próximos anos, dois distritos de inovação – como são chamadas as áreas em regiões já consolidadas de cidades, que reúnem empresas, universidades, instituições de pesquisa, incubadoras e startups, favorecendo o surgimento de ideias inovadoras e criativas, como no Vale do Silício, nos Estados Unidos, e o 22@, em Barcelona, Espanha.

Um dos distritos deve ser instalado onde hoje funciona a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), na Vila Leopoldina, que mudará de lugar, conforme decisão da Prefeitura de São Paulo; e o segundo na Fazenda Argentina, em uma área de 1,4 milhão de metros quadrados, em Campinas, adquirida, em 2014, pela Unicamp. A intenção é criar uma smart city (cidade inteligente).

A fim de viabilizar esses projetos, a Fapesp, em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), está desenvolvendo um projeto com o objetivo de estabelecer parâmetros conceituais e operacionais para a instalação desses ambientes de inovação e criatividade em São Paulo e Campinas.

“A Fapesp está comprometida com essas iniciativas, que exigirão agregar nessas áreas diferentes esferas dos governos, atores da sociedade civil, grandes empresas e startups. Também será preciso estabelecer uma governança compartilhada a fim de garantir tempo e estabilidade para a maturação desses projetos”, ressalta  Eduardo Moacyr Krieger, vice-presidente da Fapesp.

Transferência da Ceagesp

A oportunidade de criar um distrito de inovação, onde hoje está localizada a Ceagesp, surgiu com a recente decisão do governo do Estado de São Paulo de transferir o maior entreposto atacadista de alimentos do País para outra área.

A partir dessa decisão, expressa por meio de uma manifestação de interesse público, representantes da Prefeitura de São Paulo começaram a se mobilizar para iniciar um projeto com o objetivo de estudar novos cenários de ocupação da área da gleba Ceagesp, de 650 mil metros quadrados, e firmaram uma parceria com a Fapesp.

Em razão da vizinhança da Ceagesp – localizada ao lado da Universidade de São Paulo (USP), do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e do Instituto Butantan –, uma das propostas surgidas foi a de transformá-la em um distrito de inovação.

“O projeto tem um eixo jurídico importante, além de um urbanístico e outro econômico, com o intuito de constituir as bases de financiamento das iniciativas de inovação que se pretende realizar naquela área”, diz Andrea Calabi, coordenador do projeto de implantação de ambientes de inovação e criatividade no Estado de São Paulo.

Fazenda Argentina

Marco Aurélio Pinheiro Lima, diretor executivo de Planejamento Integrado da Unicamp, diz que projeto dos distritos de inovação pode ser a semente para a criação de uma smart city. Foto: Antoninho Perri/Divulgação Jornal Unicamp.

 

Recentemente, a Unicamp também decidiu transformar a Fazenda Argentina – situada no polo II da Companhia de Desenvolvimento do Polo de Alta Tecnologia de Campinas (Ciatec) – em um hub internacional para o desenvolvimento sustentável.

A Prefeitura de Campinas concordou em criar ao redor da área um distrito de inovação. “O projeto pode ser a semente para a criação de uma smart city (cidade inteligente)”, conta Marco Aurélio Pinheiro Lima, diretor-executivo de Planejamento Integrado da Unicamp.

“O projeto foi apresentado à Fapesp, que aceitou nos ajudar a viabilizá-lo, uma vez que apresenta grandes desafios de implantação”, informa Lima.

Parceria com a Fipe

A fim de desenvolver as modelagens jurídica, institucional, financeira e urbanística para viabilizar os projetos de construção de distritos de inovação na gleba Ceagesp e na Fazenda Argentina, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo convidou a Fipe para participar da iniciativa.

“Sabemos que esses dois empreendimentos são de longo prazo. Só a transferência da Ceagesp vai exigir um longo tempo de maturação do projeto, mas ele precisa ser pensado e planejado com muita antecedência”, destaca Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo (CTA) da Fapesp.

Concentrados de cidades no mundo

Concentrados de cidades no mundo

De acordo com Danilo Camargo Igliori, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, há mais de cem distritos de inovação mapeados no mundo.

Entre eles estão o 22@ em Barcelona, na Espanha; o Ruta N, em Medellín, na Colômbia; o Distrito Tecnológico de Buenos Aires, Argentina; o Porto Digital no Brasil, mais precisamente em  Recife, Pernambuco; e o MaRS, em Toronto, Canadá.

De acordo com Agência Fapesp, em publicação no site do Jornal Unicamp, em comum, esses distritos de inovação só foram possíveis de serem construídos por meio do apoio público e de parcerias com a iniciativa privada, avaliou.

“Em alguns lugares no mundo, há alguns distritos de inovação que se formaram sem apoio público. Mas isso é muito raro”, compara Igliori, acrescentando saber que, “para viabilizar esses ambientes de inovação, é preciso ter uma articulação entre o setor público e o privado e as universidades e instituições de pesquisa”.

Mais semelhanças

Outra semelhança entre esses distritos de inovação, segundo o professor da USP, é que são “concentrados de cidade”, no sentido de que potencializam interações formais e informais que acontecem na cidade, mas em um espaço menor.

“As interações que acontecem nos distritos de inovação também ocorrem nas cidades quando elas funcionam bem. A diferença de um distrito de inovação é que ele possibilita multiplicar essas interações”, afirma.

Conforme o Jornal Unicamp, autor desta publicação, “os resultados das interações que ocorrem nos distritos de inovação acabam transbordando e mudando a paisagem das cidades, como comprovaram os exemplos internacionais”.

Exemplo de sucesso que vem de Barcelona

Das 10.308 empresas de Barcelona, na Espanha, 4.342 funcionam no polo 22@, um distrito de inovação catalão responsável pela geração de 51% dos empregos e 52% do faturamento da cidade. Foto: Divulgação.

 

Um dos primeiros distritos de inovação no mundo, junto com o de Boston, o 22@ em Barcelona, que entrou em operação em 2000, possibilitou transformar a região industrial de Poblenou em um polo pujante de inovação e criatividade.

Conhecida como a “Manchester catalã”, a região começou a entrar em declínio no início da década de 1960. A reconfiguração começou a ser planejada no final da década de 1990, quando Barcelona passou por transformações urbanísticas em razão das Olimpíadas e se começou a pensar no que fazer com aquela área industrial.

Uma das ideias era convertê-la em novos bairros residenciais. Um grupo de intelectuais, economistas e urbanistas defendeu, contudo, que não se devia perder o caráter econômico e produtivo de Poblenou. A proposta foi encampada pelo prefeito da cidade na época, que decidiu criar as bases para transformar a área de um polo de manufatura obsoleto em um polo de economia do conhecimento.

Estratégia urbanística

“O 22@ representa uma estratégia urbanística, econômica e social”, comenta David Martínez Garcia, diretor do comitê do 22@ na Câmara Municipal de Barcelona.

Ele lembra ainda que “a ideia foi atrair para Poblenou empresas de base tecnológica, além de universidades, para ajudar a introduzir novas atividades econômicas na região baseadas, fundamentalmente, na economia do conhecimento, que era algo inédito nos anos 1990”.

Segundo Garcia, das 10.308 empresas de Barcelona, 4.342 estão localizadas no 22@. O distrito de inovação catalão é responsável pela geração de 51% dos empregos e 52% do faturamento de Barcelona.

O projeto passa, atualmente, por um processo de atualização e entrou em uma segunda fase. Participam dessa etapa do projeto todos os envolvidos, como as empresas, universidades, investidores, representantes do governo e a comunidade no entorno.

Fontes: Jornal Unicamp com informações da Agência Fapesp

 

Última modificação em Quinta, 10 Janeiro 2019 18:26
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