Frutas: um mercado promissor

Escrito por  Fev 20, 2020

Cada vez mais o selo das frutas consumidas mundo a fora é “made in Brasil”. Em 2019 o país bateu recorde nas exportações, chegando pela primeira vez a casa de US$ 1 bilhão em negócios, segundo dados do Ministério da Agricultura. As exportações superaram 1 milhão de toneladas, volume 14,7% superior ao registrado em 2018. O destino com maior crescimento foram os países árabes. Só para o Barein, foram 1,8 toneladas em 2019 ante 37 quilos em 2018.

Dentre as frutas com maior crescimento, a banana se destacou. Foram 79,4 mil toneladas exportadas. Mamão e melancia também tiveram bom desempenho no Mercosul e Europa, respectivamente. Para este ano o melão deve alcançar o mercado chinês com a abertura após visita recente à fazendas produtoras no Brasil. O acordo foi firmado foi firmado em novembro.

Sobre este cenário e outras possibilidades, além dos desafios com pragas e MIP, conversamos com o presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Luiz Roberto Barcelos.

Portal Agrolink: qual o cenário da produção para exportação de frutas no Brasil hoje e a fatia disso na economia brasileira?

Luiz Roberto: hoje o cenário é muito positivo. Nós temos um potencial muito grande, uma vez que somos o terceiro maior produtor de frutas do mundo, somente atrás de China e índia e na frente dos Estados Unidos. A exportação ainda é somente 3% do que produzimos, podendo aumentar. Acreditamos que podemos crescer com abertura de novos mercados para as diversas variedades de frutas que produzimos. No mercado interno também há potencial. O consumo é baixo, abaixo do que preconiza a Organização Mundial da Saúde que é 120 kg por ano per capita. Nós estamos apenas com 56 kg por ano per capita. A produção interna gira em torno de R$ 42 bilhões  e a exportação US$ 1 bilhão.

Portal Agrolink: que tecnologias são empregadas para assegurar a qualidade?

Luiz Roberto: a fruticultura é altamente tecnificada e usa o que há de mais moderno no mundo, principalmente em irrigação (como fertiirrigação e gotejamento) e em genética. Nossas frutas se destacam por qualidade, sabor, aparência. Tudo o que há de novo em adubação, nutrição, controle biológico. O mercado externo demanda essa tecnificação porque é um mercado exigente, junto com a exigência do consumidor brasileiro que quer fruta cada vez mais saudáveis. Estamos trabalhando muito nisso e desenvolvendo soluções para elevar o padrão das frutas.

Portal Agrolink: como é o processo de rastreabilidade?

Luiz Roberto: a Instrução Normativa nº 2 obriga essa rastreabilidade. Para que já exporta isso não é novidade. Temos esse critério há mais de 20 anos. É uma medida importante para que os produtores possam oferecer produtos com confiança  aos consumidores. Estamos animados com essa exigência porque se houver alguma inconformidade é possível identificar quem é o produtor e corrigir o problema. Para isso precisamos dar avanço aos registros dos defensivos. Temos pouca coisa autorizada para fruticultura  e isso é um problema. Ao estabelecer a rastreabilidade você obriga o produtor a fazer provas contra si. Então, por outro lado, o governo precisa agilizar esses registros para que o produtor não fique na ilegalidade involuntária.

Portal Agrolink: em relação à exportação de melão para a China como está esse processo e expectativas?

Luiz Roberto: a China habilitou recentemente nossa exportação e agora estamos aptos para iniciar os primeiros embarques. Agora começam as tratativas comerciais  para saber quais as variedades  e logística. A China produz 40 vezes mais do que o Brasil  então essa é uma fatia interessante desse mercado, principalmente no período de inverno deles quando a produção fica inviável lá e aqui temos condições para produção e exportação. Recentemente recebemos uma comitiva de chineses em uma fazenda de melão em Mossoró (RN). Eles ficaram muito impressionados com o que viram e saíram convencidos da qualidade de nossos melões e que não levam nenhum risco de pragas na cultura para o país deles. Depois dessas missão, 48 horas depois, eles publicaram a resolução que autoriza a exportação.

Portal Agrolink: como está a questão do MIP nas plantações? Dá para se dizer que a produção brasileira está cada vez mais sustentável?

Luiz Roberto: já tem muito produtor utilizando do Manejo Integrado de Pragas. Associar os defensivos químicos com os biológicos  dá a certeza que a fruticultura brasileira está cada vez mais sustentável. Há preocupação com questões do meio ambiente, da responsabilidade social, da segurança alimentar. Estamos com fortes investimentos nessa tecnologia de controle biológico e observando muita gente tendo sucesso e produzindo mais frutas com menos custo, de forma mais equilibrada.

Portal Agrolink: a mosca da carambola é um dos grandes problemas hoje? O que podemos destacar neste aspecto de pragas e doenças?

Luiz Roberto: é uma grande preocupação. Estamos acompanhando de perto, principalmente nos Estados onde ela já está como Roraima e Amapá. É um inseto que veio da Ásia, exótica em nossa região. Estamos tentando junto ao Mapa todas as medidas possíveis para evitar que ela avance pelo Brasil. Temos problemas com outras moscas que vieram de fora com a mosca do Mediterrâneo (Ceratitis Capitata), que ataca muitas variedades e já está aqui há mais de 100 anos. Se a mosca da carambola avançar as exportações brasileiras podem se fechar automaticamente. Tem muitas frutas que são hospedeiras e esse é um grande problema para o setor. É mais uma praga, mais gasto com defensivo, custo de produção maior e produção menor. A gente espera sensibilizar o governo brasileiro para não contingenciar gastos com a defesa vegetal para que esta mosca não adentre nosso território. Por enquanto estamos conseguindo conter o avanço mas a ideia é eliminar ela do Brasil, isolando na região das Guianas onde a presença dela é mais forte.

Portal Agrolink: quais as prioridades e expectativas do setor para este ano?

Luiz Roberto: nosso foco de trabalho este ano é a defesa vegetal, registro de novos defensivos e abertura de mercado. São nossas três prioridades que estamos trabalhando. Temos outra grande que estamos buscando superar a situação burocrática e jurídica que é a criação do Fundo da Fruticultura.  A ideia é que ele fosse criado e administrado pelo setor privado para que tenha recursos suficientes para fazer uma frente para nossas demandas como a própria defesa vegetal, campanhas de incentivo ao consumo de frutas, entre outros. Gostaríamos muito de ter um funcho financeiro sólido que pudesse auxiliar o setor a produzir mais e com mais segurança.

 Por: Agrolink -Eliza Maliszewski

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