Família Tápparo cuida dos negócios do engenho Família Tápparo cuida dos negócios do engenho Foto: Arquivo pessoal

Dia da Cachaça: conheça as curiosidades da bebida produzida no interior de SP e eleita a melhor do mundo Destaque

Escrito por  Set 13, 2022

Do G1- Há mais de 360 anos, 13 de setembro é considerado o "Dia da Cachaça". A data foi criada como forma de comemorar a liberação da fabricação e venda da bebida no Brasil, em 1661.Aos poucos, a cachaça se tornou popular no país e engenhos passaram a ganhar cada vez mais espaço. Há décadas, a família Tápparo começou a produção de forma artesanal e o sucesso foi tanto que neste ano teve a bebida produzida em Mirassol (SP) eleita como a melhor do mundo no concurso internacional The Global Spirits Masters.


"Tudo começou em 1978. Meu avô, José Tápparo tinha uma transportadora de combustíveis e fazia a cachaça para consumo próprio e para presentear amigos e familiares. Mas o sucesso foi tão grande que ele viu uma oportunidade de negócio", diz Breno Tápparo, um dos sócios-proprietários do engenho.

Com o passar do tempo, a produção artesanal e familiar começou a crescer de forma inesperada.

"Nos anos 90, meu pai, Ademilson, entrou no engenho para criar produtos como licores e coquetéis. Hoje são mais de 40 em que ele foi principal desenvolvedor. Nos anos 2000, entrei no negócio com meus irmãos Bruno e Giovanni."

O g1 visitou o engenho para conhecer a produção e tentar desvendar a receita da "melhor cachaça do mundo", mas a família Tápparo preferiu não revelar o segredo das composições.

"Primeiro é o plantio da cana-de-açúcar e a colheita mecanizada. Depois ela vai para a lavagem, moagem e extração, onde sai a garapa. Aí vem a fermentação e destilação", explica Breno.

Depois, a cachaça é destinada para a produção dos derivados e para os tonéis. É neste momento que vem o principal diferencial: o envelhecimento.

Atualmente o engenho utiliza cinco tipos de madeiras nas dornas e barris para realizar este processo, sendo duas importadas, que são o carvalho europeu e americano, e três brasileiras, que são a amendoim, jequitibá e amburana.

O envelhecimento dos mais de 2 milhões de litros de cachaça é feito em barris e dornas que são armazenados em oito barracões do engenho. Os locais precisam ser úmidos e frescos para que a bebida não evapore neste processo.

Segundo o sócio-proprietário do engenho, o processo de envelhecimento dura de 6 meses a 12 anos. Mas no caso da "melhor cachaça do mundo", o processo pode chegar a 15 anos em barris de carvalho europeu.

A bebida contabiliza 11 prêmios, incluindo a de melhor do mundo. Ela é envasada em uma garrafa francesa que leva pintura, selos de premiação e acompanha um veludo personalizado em vermelho com laço de cetim preto. O valor é de quase R$ 350.

Outra curiosidade é que no local os barracões têm nomes de fundadores de empresas de bebidas no Brasil.

O primeiro barracão, nomeado de Celeste foi criado em 1980 pelo fundador do engenho. O nome é em homenagem ao pai e bisavô de Breno, Celeste Tápparo.

Restaurado em 2016, o local é o principal e mais tradicional do engenho. Ele foi construído praticamente em cima de uma mina de água, o que aumenta a umidade, além de ser perto de uma mata, que ajuda a manter a temperatura amena.

"Quanto mais úmido e mais fresco o local, menos cachaça se perde no processo de envelhecimento", explica Breno.

'Boom' da bebida

Apesar do sucesso do engenho da família Tápparo desde a década de 90, o "boom" veio em 2015, após uma parceria com o cantor Leonardo. Na época, o sertanejo visitou São José do Rio Preto (SP) para realizar um show da turnê Cabaré e conheceu a cachaça.

Levando o nome da turnê realizada em todo Brasil por Leonardo, a cachaça começou a fazer sucesso além do interior de São Paulo.

Em 2018, o sucesso era tão grande que o engenho fez uma parceria com um grupo com o objetivo de aumentar a distribuição da bebida em todo país.

Mas com a chegada da pandemia da Covid-19, em 2020 o engenho sofreu com a perda de receita. No entanto, mais uma vez a música sertaneja conseguiu ajudar a empresa.

O engenho sediou lives de cantores como Gustavo Lima, Marília Mendonça, Jorge e Matheus e Leonardo. Assim, a cachaça voltou a ser procurada em todo país.

"Em 2020, com a pandemia, tivemos dificuldades e fizemos acordos com funcionários. Mas as lives foram outro ponto de crescimento para nós. Como tínhamos o produto da distribuição do grupo em todo Brasil, conseguimos chegar a outros locais nacionalmente."

Do Brasil para o mundo

A maior parte das cachaças fica no mercado interno, mas os concursos com premiações internacionais vêm abrindo portas fora do país.

Atualmente a bebida é exportada para os Estados Unidos e países da Europa, segundo Breno. Além dos prêmios, os produtos também são apreciados por famosos como Ronaldinho Gaúcho.

"Se tivéssemos planejado tudo isso no passado, talvez não teríamos o sucesso que temos hoje", diz Breno.

  1. Mais vistas
  2. Destaques
  3. Comentários
Ad Right

Calendário

« Abril 2024 »
Seg. Ter Qua Qui Sex Sáb. Dom
1 2 3 4 5 6 7
8 9 10 11 12 13 14
15 16 17 18 19 20 21
22 23 24 25 26 27 28
29 30