O que vai mover o agro em 2020? Destaque

Escrito por  Dez 09, 2019

O ano de 2019 começou com incertezas no agronegócio. O Brasil estava começando novos governos federal, estadual e com grande renovação na Câmara e no Senado, além de seguir lutando contra a crise econômica. O setor que responde por 25% do PIB nacional viu uma safra recorde de soja e algodão de um lado e produtores de arroz e leite em crise do outro.

Neste ano nunca se falou tanto em sustentabilidade, desmatamento e terra. Por um lado o meio ambiente e por outro a exigência de maior produtividade para suprir a demanda mundial, cada vez mais crescente.

Nunca se falou tanto em defensivos agrícolas. Com um novo comando no Ministério da Agricultura, o índice de liberação de novas moléculas também foi recorde e polêmico, reacendendo o debate do uso indiscriminado de agrotóxicos na agricultura.

Nunca se falou tanto em informar o agro para o urbano para tentar evitar as fake news. 2019 também foi o ano da agricultura 4.0, tecnologia e dinâmica com seus drones, aplicativos, softwares que resultaram em produção de menor custo. A sanidade também esteve no foco.

Com o avanço da Peste Suína Africana na Ásia, mercados de proteína e lácteos se abriram, com habilitação de frigoríficos e estabelecimentos para exportar, especialmente para a China. Esta potência inclusive também esteve em foco na guerra comercial com o Estados Unidos.

Mas e de 2020, o que esperar? Foi esse o tema que autoridades, especialistas de diversas áreas, entidades e empresas do agronegócio discutiram no AgroCenário 2020 – “Cultivando o progresso da agricultura brasileira”, em Brasília, no último dia 4 de dezembro.

A segunda edição, promovida em parceria com a Aprosoja Brasil e a Corteva Agriscience, abordou economia, política e tecnologias para a produção sustentável, e ao mesmo tempo foi discutido como esses assuntos irão impactar o próximo ano.

No cenário político, foram debatidas medidas importantes como a reforma tributária, Lei Kandir, ampliação do crédito rural, impactos do acordo Mercosul-União Européia , assinado este ano, e ações para facilitar a logística.

O deputado federal Alceu Moreira, presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), defendeu a assistência técnica no campo, a extensão rural e a pesquisa como prioridades e citou a necessidade de mais investimentos na Embrapa e na defesa sanitária brasileira.

“Hoje seriam necessários pelo menos 40 cães para inspeção, mas temos só dois. A Peste Suína pode entrar a qualquer momento. Como fica isso? Outra prioridade em nossa agenda é a questão dos defensivos. Se tem uma biotecnologia nova e ela pode substituir um defensivo e baratear custo de produção tem de ser prioridade”, disse Moreira.

A tributação do setor também esteve em discussão no painel sobre economia. Entidades esperam que o agro não sofra com mais essa medida. Além disso, foram debatidas possibilidades para a volatilidade do câmbio que tem impacto em insumos e commodities como a soja.

O presidente da Aprosoja Brasil, Bartolomeu Pereira, defendeu melhores condições para a competitividade. “Mesmo com dificuldades econômicas, logísticas e críticas constantes, produzimos com eficiência em apenas 4% do território nacional. Essa é a capacidade de agricultores empreendedores que buscaram tecnologia e pesquisa e aplicaram na propriedade, com coragem para produzir preservando 66% do total”.

A tecnologia também esteve em pauta, mostrando como as ferramentas avançam pela agricultura e pecuária trazendo resultados de produtividade. Para o presidente da Corteva Agriscience, Roberto Hun, este é um caminho sem volta.

“À medida que a tecnologia avança, vamos atingindo novos patamares e estamos prontos para fazer com que o produtor consiga tirar o máximo disso”, disse. Neste aspecto, o maior desafio ainda é fazer com que o pequeno produtor tenha acesso da mesma forma como o grande.

Para a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, esse é o grande gargalo. “Não adianta termos tecnologia de primeira se grande parte dos produtores brasileiros é pequena. A média é de seis módulos. Esse produtor não tem acesso, mas essa terra toda poderia estar produzindo o triplo do que está produzindo. Para isso é preciso renda”.

O diretor de Marketing da Corteva Agriscience, Douglas Ribeiro, acredita que “o produtor não é pequeno porque não consegue acessar. Ele também não está conseguindo aplicar aquilo que tem acesso. Falta essa qualificação. O produtor tem na essência a produtividade e o Brasil vai encontrar formas de superar as barreiras”.

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