A nova denúncia é de um levantamento da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), que investigou 11 espécies de madeira do leste da Amazônia. São elas: ipê, morcegueira, piquiá, cupiúba, angico, sucupira-preta, itaúba, maçaranduba, jatobá, cumaru e taninbuca. O estudo analisou os dados entre 2013 e 2017.
Publicado na revista Science Advances, o estudo “Fake legal logging in the Brazilian Amazon” (Falsa extração legal de madeiras na Amazônia brasileira, em tradução livre), demonstra que diversas espécies de madeira da Amazônia estão sendo superestimadas para a geração de créditos falsos de movimentação de madeira.
Os principais pesquisadores da análise, Pedro Brancalion e Edson Vidal, investigaram a ocorrência e a densidade natural destas plantas, e compararam os dados com a a ocorrência e a densidade declaradas nos pedidos de licenciamento de planos de manejo.
De acordo com o relatório, quanto maior o valor da madeira, maior a diferença entre a quantidade declarada no inventário feito para licenciar o corte, e a quantidade média encontrada nos inventários governamentais. Ou seja, as espécies mais valiosas tiveram um volume de madeira licenciado muito maior que o registrado.
“Avaliações de campo confirmaram indícios de fraudes para as espécies madeireiras mais valiosas e estratégias complementares para gerar um ‘excedente’ de madeira licenciada que possa ser usada para legalizar madeira proveniente da extração ilegal”, disse Vidal.
Ainda de acordo com o pesquisador, o volume das árvores nos inventários florestais é superestimado, ou são “inventadas” árvores de alto valor comercial para geração de créditos falsos. Esses créditos são transferidos para “esquentar” a contabilidade de serrarias, sugerindo legalidade à madeira retirada de florestas em terras indígenas, unidades de conservação e terras públicas não destinadas (sem destino dado pelo governo), onde essa atividade é proibida ou destinada às populações tradicionais.
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